À deriva
Em pleno alto mar
Perco-me de vista
Velas hasteadas,
Mapa, bússola, astrolábio e radar
Aguardo por alísios ventos
Que me levem para longe
Que me ponham a navegar
Saio à caça de algo
Um arpão vara o céu
Em meio ao nevoeiro
Não encontro garrafas, barcos ou camaradas
Deitado na rede
Uma voz grave me sussurra histórias de Iemanjá
Miro o céu sem estrelas
E peço por alguém que me dê
um sopro de ar.
(À deriva/Dantes, 2005)